sexta-feira, 23 de setembro de 2016

COLUNISTA VIP:



MULTIPLEX EXIBE FILMES DE MÁ QUALIDADE
Carlos Albán González - jornalista 
Há pouco tempo, o jornalista Jeremias Macário, fez uma análise sobre o movimento cultural de Vitória da Conquista. Mostrou, com conhecimento de causa, que um dos maiores polos de desenvolvimento do estado, com mais de 50 municípios em seu entorno, não possui uma lei de incentivo à cultura. Entre os candidatos a prefeito não se ouve nenhuma promessa de estímulo às artes, e não se deve esperar da futura Câmara de Vereadores qualquer iniciativa nesse sentido.
As nossas salas de arte, bibliotecas e museus estão entregues aos cupins; as raras livrarias diversificam seus negócios para sobreviver; as feiras de livros, que atraem visitantes – Paraty, no Rio, é um exemplo, -  acredito que nunca estiveram nos planos do poder público e da iniciativa privada (onde estão as nossas  escolas de Comunicação e os cursos de Letras?); a cidade não possui um jornal diário e os leitores dos poucos exemplares dos impressos em Salvador têm que perder horas para encontrar uma banca de revistas, que, normalmente, não abre nos domingos e feriados.
O conquistense se alimenta de uma cultura indigesta, que, lamentavelmente, tem adeptos, principalmente na região nordestina do país. Num passeio pela cidade encontramos dezenas de cartazes ou carros de som, anunciando a apresentação de representantes da chamada “música lixo”. Esse tipo de programação atinge o auge com o Festival de Inverno. Pra não dizer que não falei de flores, a administração municipal promove no Natal e no São João, festivais de músicas regionais, prestigiando os artistas locais.
A finalidade desse meu comentário é chamar atenção para um outro ramo da arte, que o colega Jeremias não abordou na sua análise. Refiro-me ao cinema. Cinéfilo fanático, residindo há 30 meses na cidade,  ainda não pus os pés em nenhuma das três salas de projeção do Shopping Conquista Sul.
Todas as quintas-feiras procuro ler a sinopse dos filmes que serão exibidos nos próximos sete dias. A programação nunca me atraiu. É evidente que deve fazer a alegria dos fãs das tartarugas ninjas, dos seres extraterrestres, dos monstros galáxios, dos bichos que falam, dos heróis dos antigos gibis e de bruxas e duendes.
Eu não vou chegar ao ponto de exigir do exibidor que programe semanalmente obras de grandes cineastas, como Almodóvar, Eastwood, Polansky, Chaplin, de Sica, Fellini, Copolla, Spielberg, Hitchcock e outros famosos. Acompanhe, simplesmente, a programação de Salvador, exiba bons filmes nacionais, como, por exemplo, os dirigidos pelo conquistense Glauber Rocha.
Com 108 salas em 20 cidades de oito estados, a Moviecom, responsável pela programação do Conquista Sul, se orgulha do título de “a mais simpática exibidora do país”, recebido do público nos últimos quatro anos.
Cansado de esperar pela inauguração do multiplex do shopping a ser inaugurado, que, segundo chegou ao meu conhecimento, terá oito salas de projeção, enviei correspondência à Moviecom, solicitando que atendesse a todas as classes de fãs da sétima arte. Não obtive resposta. Por enquanto, o jeito é usar o controle remoto da TV, percorrendo os canais fechados.   

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