Carlos Albán González - jornalista
Há pouco tempo, o jornalista Jeremias
Macário, fez uma análise sobre o movimento cultural de
Vitória da Conquista. Mostrou, com conhecimento de causa, que um dos maiores
polos de desenvolvimento do estado, com mais de 50 municípios em seu entorno,
não possui uma lei de incentivo à cultura. Entre os candidatos a prefeito não
se ouve nenhuma promessa de estímulo às artes, e não se deve esperar da futura
Câmara de Vereadores qualquer iniciativa nesse sentido.
As nossas salas de arte, bibliotecas e
museus estão entregues aos cupins; as raras livrarias diversificam seus
negócios para sobreviver; as feiras de livros, que atraem visitantes – Paraty,
no Rio, é um exemplo, - acredito que nunca estiveram nos planos do poder
público e da iniciativa privada (onde estão as nossas escolas de
Comunicação e os cursos de Letras?); a cidade não possui um jornal diário e os
leitores dos poucos exemplares dos impressos em Salvador têm que perder horas
para encontrar uma banca de revistas, que, normalmente, não abre nos domingos e
feriados.
O conquistense se alimenta de uma cultura
indigesta, que, lamentavelmente, tem adeptos, principalmente na região
nordestina do país. Num passeio pela cidade encontramos dezenas de cartazes ou
carros de som, anunciando a apresentação de representantes da chamada “música
lixo”. Esse tipo de programação atinge o auge com o Festival de Inverno. Pra
não dizer que não falei de flores, a administração municipal promove no Natal e
no São João, festivais de músicas regionais, prestigiando os artistas locais.
A finalidade desse meu comentário é chamar
atenção para um outro ramo da arte, que o colega Jeremias não abordou na sua
análise. Refiro-me ao cinema. Cinéfilo fanático, residindo há 30 meses na
cidade, ainda não pus os pés em nenhuma das três salas de projeção do
Shopping Conquista Sul.
Todas as quintas-feiras procuro ler a
sinopse dos filmes que serão exibidos nos próximos sete dias. A programação
nunca me atraiu. É evidente que deve fazer a alegria dos fãs das tartarugas
ninjas, dos seres extraterrestres, dos monstros galáxios, dos bichos que falam,
dos heróis dos antigos gibis e de bruxas e duendes.
Eu não vou chegar ao ponto de exigir do
exibidor que programe semanalmente obras de grandes cineastas, como Almodóvar,
Eastwood, Polansky, Chaplin, de Sica, Fellini, Copolla, Spielberg, Hitchcock e
outros famosos. Acompanhe, simplesmente, a programação de Salvador, exiba bons
filmes nacionais, como, por exemplo, os dirigidos pelo conquistense Glauber
Rocha.
Com 108 salas em 20 cidades de oito
estados, a Moviecom, responsável pela programação do Conquista Sul, se orgulha
do título de “a mais simpática exibidora do país”, recebido do público nos
últimos quatro anos.
Cansado de esperar pela inauguração do
multiplex do shopping a ser inaugurado, que, segundo chegou ao meu
conhecimento, terá oito salas de projeção, enviei correspondência à Moviecom,
solicitando que atendesse a todas as classes de fãs da sétima arte. Não obtive
resposta. Por enquanto, o jeito é usar o controle remoto da TV, percorrendo os
canais fechados.
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