Associação critica 'deturpação' das falas de procuradores da Lava-Jato
Redes sociais repercutiram frases que procuradores não disseram. Para ANPR, trabalho da Lava-Jato é 'profissional' e 'republicano'.
Comentários em sites e redes sociais chegaram a ironizar uma fala atribuída aos procuradores, de que eles teriam afirmado "não temos prova, mas temos convicção". Na realidade, a frase não foi dita por nenhum dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato que apresentaram a denúncia contra Lula.
Ao sair em defesa dos procuradores, a ANPR disse que a deturpação "configura-se em discurso político ou estratégia de defesa, sem compromisso com a verdade". A entidade afirmou ainda que a atuação dos procuradores na Lava Jato é "profissional" e republicana".
"Nenhuma verdade pode ser construída pela edição de frases e repetição de uma mentira. A convicção da Força Tarefa fundamenta-se em provas robustas reunidas em investigações sérias. Em mais de dois anos, atuaram na operação – sob as vistas e aplausos de todo o País – mais de 300 agentes públicos de diversos órgãos, especialmente do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Receita Federal, todos idôneos e sem qualquer vinculação partidária. A atividade da Lava Jato vem sendo exemplo cabal de cumprimento isento da lei", disse a nota da ANPR.
Além de Lula, foram denunciadas a mulher dele, a ex-primeira dama Marisa Letícia, e mais seis pessoas. A denúncia abrange três contratos da OAS com a Petrobras e diz que R$ 3,7 milhões em propinas foram pagas a Lula.
De acordo com a ANPR, os procuradores apresentaram as provas das propinas da OAS. O texto ainda faz críticas à corrupção na política.
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"A força-tarefa apresentou as provas de autoria dos crimes que apontam,
neste caso, para o pagamento de propina de mais de R$ 87 milhões pela
empreiteira OAS a diversas pessoas e partidos. A corrupção política, com
o poder econômico dela decorrente, deturpa a democracia pela subversão
da necessária igualdade de oportunidade entre todos os atores
políticos", afirmou a associação.Ainda segundo a ANPR, os procuradores acertaram em apontar Lula como chefe de uma organização criminosa mesmo sem ter oferecido denúncia sobre esse crime. Segundo a associação, o crime de organização criminosa ainda está em investigação no Supremo Tribunal Fedeal, o que, na visão da ANPR, não impede os procuradores de fazerem menção a ele para ajudar na explicação da denúncia.
"Em especial no que se refere ao crime de organização criminosa, é juridicamente correta – e necessária – a contextualização realizada na acusação, pois teve como objetivo ressaltar todas as provas levantadas, historicamente organizadas, de que Lula seria responsável pelos sete crimes de corrupção passiva e 64 crimes de lavagem de dinheiro descritos na denúncia. O fato do delito de organização criminosa estar em persecução junto ao Supremo Tribunal Federal em nada afasta a necessidade e a pertinência de sua exposição para que se compreenda o contexto do delito do qual acusado pela força tarefa", argumentou a nota da associação.
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