UM DEBATE MORNO E POBRE DE PROJETOS
Jeremias Macário
A própria padronização antiquada e defasada
dos debates políticos na televisão não dá margem a uma discussão mais dinâmica
entre os candidatos com melhor aproveitamento para o eleitoral. O resultado da
mesmice das regras impostas dos blocos torna o debate monótono e morno onde os
pretendentes ao cargo de prefeito falam do genérico, sem apresentar projetos e
programas de governo.
Com raras exceções, na TV Sudoeste não foi
diferente. A impressão que passa é que os candidatos não têm programas
consistentes a oferecer aos seus munícipes durante seus possíveis mandatos, ou
fica difícil tratar dos problemas da educação, da saúde e da segurança, por
exemplo, em menos de cinco minutos entre as tais cansativas réplicas e treplicas.
O padrão é velho e precisa ser criado um novo
que interaja com a sociedade. Em Vitória da Conquista, o mais objetivo, direto
e incisivo em suas proposições foi o candidato Fabrício Falcão, que chegou a
apontar algumas propostas de realizações para a nossa abandonada e decadente
cultura. Fora isso, esta atividade, tão essencial para a comunidade,passou
despercebida e bem longe das discussões.
Os candidatos do PT e do PMDB polarizaram
parte dos debates para a questão do envolvimento dos seus chefes partidários na
Operação Lava Jato, ou seja, levaram a eleição municipal para o plano nacional,
quando se sabe que as duas siglas são as que devem no país mais explicações aos
investigadores da Justiça. Resumindo: as mais envolvidas na corrupção.
José Raimundo, do PT, tentou fazer uma
tabelinha com Fabrício (PCdoB) e com Joás Meira (PSB), mas não deu certo,
principalmente com os temas combate à corrupção, aeroporto e água para
Conquista. Como se dissesse não me meta nessa confusão, Fabrício declarou ter
mãos limpas e que no seu partido não tem ninguém envolvido nas denúncias de
recebimento de propinas. Pelo menos, o candidato do PT confessou que seu
partido vive uma grande crise.
Quanto ao aeroporto e à construção da
barragem de abastecimento de água, dois fundamentais projetos para a cidade, os
candidatos governistas colocaram a culpa pelo atraso de mais de cinco anos na
burocracia dos governos estadual e federal, só que o povo não quer saber disso,
não suporta mais desculpas e se cansou de tantas promessas. O apertado curral do
Terminal de Ônibus da Lauro de Freitas continua lá feio e só falam em
requalificação onde o espaço acabou para a crescente demanda.
Sem programas consistentes e convincentes (a
cultura foi a maior vítima do esquecimento), o debate foi fraco e ficou naquela
base das promessas genéricas e vazias de que “se eleito, no meu governo prometo
melhorias nisso e naquilo”. O candidato Roberto Dias, por exemplo, demonstrou
inexperiência e insegurança em suas respostas.
Quem teve um olhar mais atento, notou que
metade dos candidatos, não vou citar nomes para não ser chamado de pernóstico e
até de idiota, precisa voltar a frequentar os bancos das escolas para não
maltratar tanto a nossa bela língua portuguesa, principalmente no quesito
concordância verbal. Assim fica difícil questionar o assunto educação e apontar
possíveis soluções para a baixa qualidade do ensino.
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