ESTÁ RINDO D0 QUÊ?
Jeremias Macário
Mosquito do aedes aegypti
causando pânico no país, economia descendo a ladeira, inflação subindo,
política do toma lá dá cá, corrupção em todos os setores, 100 mil lojas
comerciais que fecharam suas portas no ano passado, desemprego batendo nas
portas, mau cheiro e sujeiras nas ruas de Salvador, gente morrendo nos
corredores fedorentos dos hospitais, propaganda enganosa da educação, esgotos
correndo a céu aberto e você em pleno carnaval com músicas apelativas pulando
como macaco e rindo do quê?
É isso ai, meu camarada,
temos festas sem fim, o pão faltando na mesa enquanto se aproximam o São João,
as olimpíadas e o dia das urnas para ouvirmos aquela cantilena de dever cívico
para escolha consciente do seu candidato. A esperança se distancia e a fé está
nas últimas. Tudo isso e os governos meteram10 dias de carnaval gastando
milhões dos nossos bolsos com uma cerveja de quinta categoria e músicas do tipo
Cabelo de Chapinha e Paredão Metralhadora.
Triste Bahia! Oh quão desigual, injusta e
campeã dos piores índices nos setores da saúde, educação, violência e
saneamento básico. Precisamos ressuscitar um Gregório de Mattos em cada esquina
para denunciar as mazelas e satirizar os governantes que só pensam em se manter
no poder. Enquanto gente bonita e rica curte suas luxúrias nos camarotes, os
Zés Ninguéns se espremem nos asfaltos das doenças. Infelizmente, o povo não
enxerga que é movido pelo prazer enganoso.
Enquanto o indivíduo se deixa levar pelo
embalo das festas no país do descalabro, esquece o IPTU elevado, a inflação, a
crise política e dos milhares na Bahia que ainda passam fome. Quase ninguém leu
a revista The Economist de que no Brasil dançam o carnaval à beira do
precipício.
Como observou um leitor de um jornal da
capital, não dá para entender como o Governo do Estado derrama mais de 50
milhões de reais numa festa que é do município. Tudo está envolto na ambição
política de tomar o poder na capital. Nesta disputa quem perde é o povo, mais
uma vez tragado pelo circo.
Depois do carnaval, os estragos nas ruas,
parques e praças (Barra, Campo Grande, Vitória, Barra Avenida, Ondina e Centro
Histórico) ficaram visíveis. Lá se vai mais dinheiro para recuperar os locais.
Durante a festa deste ano, foram registradas 3.174 queixas de violência contra
a mulher, um aumento de 221% em relação ao ano passado.
Na Bahia, segundo pesquisa da Confederação
Nacional do Comércio, mais de 13 mil lojas foram fechadas (sete do Grupo
Máquina de Vendas – Insinuante e Ricardo Eletro). No Brasil na área de
mercearias, mercados e supermercados foram fechados 26 mil estabelecimentos e
100 mil em todos os ramos comerciais e de serviços.
Mais festas, menos alimento na mesa, mais
mosquito e doenças e menos tratamento e leitos hospitalares, mais roubo e menos
seriedade e competência, mais políticos e policiais safados e menos
honestidade, mais mordomias no Congresso Nacional, nas câmaras de vereadores e
nas assembleias e menos transparência.
E aí, está rindo do quê? Do seu comodismo?
Da sua alienação e burrice? Do seu individualismo, achando que as coisas ruins
só acontecem com os outros? No Brasil já foram notificados mais de cinco mil
casos de microcefalia, sendo 700 na Bahia. A incidência do aedes cresceu 14 mil
por cento.
Rir mesmo só para os políticos que vão para
os programas eleitorais encher o saco do cidadão dizendo que seu partido é o
melhor; visa o social, a saúde, a educação; e luta para tornar tudo melhor. Colocam
imagens bonitas de escolas, postos de saúde e creches de primeiro mundo. Por
que eles roubam até a merenda escolar das crianças? Fuzilamento e forca para
eles. Vamos rir do quê?


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