sexta-feira, 12 de julho de 2013

Fracasso dos Sindicatos: Na mobilização de 11 de julho

População deixa as centrais sindicais protestando sozinhas no "Dia da Luta"

Tribuna da Bahia/Leidiane Brandão e Rayllanna Lima

No maior ponto de concentração de manifestantes na capital baiana, por volta de 11 horas, havia cerca de duas mil pessoas, de acordo com Cedro Silva, presidente da Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA). Porém, em meio aos sindicalistas e partidários, o  almoxarife de construção Valdec Moraes, de 58 anos, se destacava pela única bandeira que levantava, a da cidadania. Segundo ele, o governo tem dinheiro para atender as reivindicações do povo, mas não o administra dignamente, nem o reparte de forma justa. Com base na mobilização dos atos públicos que tomaram as ruas durante a Copa das Confederações, Valdec aproveitou para criticar a postura do soteropolitano ontem. “Isso aqui era para estar lotado! A luta é nossa, as melhorias beneficiarão a toda população e não apenas aos sindicalistas. As pessoas não podem se acomodar, elas têm de sair do conforto de seus lares e vir lutar, se quer que algo mude.” disse ele.
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Ao todo, mais 20 categorias estiveram mobilizadas nos atos de ontem. Dentre as principais reivindicações das categorias, está o fim do fator previdenciário; a redução da carga horária de trabalho sem redução do salário; a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação e 10% do orçamento da União para a saúde; além de mais segurança, e a reforma agrária.
O Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sinpojud) defenderam a indenização de transporte para oficiais de justiça e agente de proteção ao menor, além da concessão de gratificação por Condições Especiais de Trabalho – CET. Os integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) tinham entre suas bandeiras: transporte 24 horas e auditória das obras do metrô. Já o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFBA e UFRB, também participou da passeata, junto às entidades representativas de educação: APUB, DCE  e APLB.
Comércio fechado e protestos dispersos no Centro

O comércio fechou as portas na manhã de ontem na Avenida Sete de Setembro, no Centro da capital baiana. Algumas lojas instaram até tapumes em suas fachadas, em caso de haver qualquer conflito durante os protestos. Mas o Dia Nacional de Luta, mobilizado pelas centrais sindicais, batizado também de greve geral, teve mobilizações pontuais na capital baiana.
A quinta-feira começou com o impacto da paralisação dos rodoviários, serviço que só foi regularizado a partir das 8 horas. Bancos também não abriram as portas durante a manhã em várias regiões da cidade e o palco de protestos foi a avenida que liga o Campo Grande à Praça Castro Alves.
Apesar da concentração de representantes sindicais e trabalhadores de diversas categorias, o protesto que partiu do Campo Grande se mostrou disperso, na medida em que o deslocamento dos manifestantes se deu em forma de blocos e em quantidade de integrantes aquém dos movimentos que ganharam as ruas da cidade no último mês.
Salvador amanheceu ontem com poucos carros nas ruas. O trânsito seguiu livre e sem pontos de retenção e, mesmo com a anunciada paralisação dos rodoviários, passageiros se concentraram em alguns pontos de ônibus da cidade. Os rodoviários voltaram a circular na capital baiana por volta das 8h. A paralisação durou cerca de quatro horas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado da Bahia, Hélio Ferreira, os ônibus saíram das garagens só a partir das 8h e nenhuma outra manifestação da categoria aconteceu ao longo do dia. “Participamos do ato, mas não interferimos no trânsito da cidade”, disse.
Entidades que representam trabalhadores de diversos setores resolveram aderir à paralisação nacional, como também policiais civis, médicos, petroquímicos, trabalhadores da construção civil, aposentados e entre outros.
Construção
Outra categoria que cruzou os braços e também participou das manifestações foi a dos trabalhadores da construção pesada e montagem Industrial, representados pelo Sintepav-Bahia. Na Bahia, foram mais de 42 mil trabalhadores do setor que paralisaram as atividades e participaram das passeatas em Salvador, Ilhéus,Itabuna, Camaçari, Nazaré, Salinas e Maragojipe.
Para o presidente do Sintepav-Bahia, Adalberto Galvão, as obras públicas que estão sendo tocadas em todo o Brasil devem ser consideradas como parte da valorização social dos trabalhadores e assim sendo, compete ao governo atuar proativamente para evitar a degradação do trabalho, o que tem sido promovido por grande parte das empresas da construção em relação aos seus trabalhadores. “O Sintepav-Bahia e demais sindicatos organizaram processo de mobilização e paralisação em todos os estados e nas principais obras para que a nossa pauta seja implementada”, afirma Adalberto Galvão.
Outras bandeiras dos  trabalhadores foram: jornada de 40 horas semanais, sem redução salarial; reajuste digno para os aposentados; transporte público de qualidade; fim dos leilões do petróleo; piso salarial regional; fim da violência e genocídio da juventude negra; combate à seca; redução da tarifa do transporte e mobilidade urbana.
 Os aposentados aproveitaram a manifestação para mostrar toda  a insatisfação contra a forma que o Governo vem tratando a categoria. Eles reivindicam  aumento real para quem ganha acima do mínimo, saúde pública de qualidade, fim do fator previdenciário, segurança e transporte digno.
O Fator Previdenciário faz com que o trabalhador perca até 45% da sua renda ao se aposentar e, se o Governo não mudar as regras da aposentadoria, dentro de pouco tempo todos os aposentados brasileiros estarão recebendo salário mínimo.
Para não acabar com o fator previdenciário, o governo alega que a extinção pura e simples desequilibraria as contas da Previdência Social. Os sindicalistas apresentaram então a proposta do Fator 85/95, menos prejudicial aos trabalhadores. Mesmo assim o governo vem resistindo à essa mudança.
Bancos
Os bancários representam uma das categorias que aderiu ao Dia Nacional de Luta dos trabalhadores brasileiros. Durante todo o dia, as agências permaneceram de portas fechadas. A aposentada Maria de Carvalho, 72 anos, apoiou a paralisação, mas questionou o fechamento de todas as agências bancarias. “Precisava pagar umas contas e não há uma agência aberta. Sou o favor da mobilização desde que não prejudique o direito do cidadão. Isso não é justo com os idosos. Sair cedo de casa e nada adiantou”, afirmou.
Segundo o diretor de Comunicação do Sindicato dos Bancários da Bahia, Adelmo Andrade, a categoria aderiu ao movimento por ser contra principalmente a PL4330 - que possibilita todo e qualquer tipo de terceirização em empresas publicas e privadas. Caso isso ocorra, sustenta Andrade, vai ocorrer precarização na mão de obra do, trazendo serias consequencias para as classes trabalhadoras organizada, a exemplo dos bancários que   tem uma convenção nacional.
“A partir do momento que funcionários dos bancos passarem a ser terceirizado, o atendimento vai se tornar precário. Quem vai sofrer as conseqüências é a população”, ressaltou Andrade.
O diretor do Sindicato dos Comerciários da Bahia, Alfredo Santiago, ressaltou que a categoria luta pela elaboração de concursos para auditor do trabalho para que haja fiscalização no comércio. Outra reivindicação da categoria é mais segurança nos estabelecimentos.
 “Em muitas lojas os venderes são escravizados com jornada extensa de trabalho e sem direito a horas extras. Estamos lutando para assegurar a integridade física desses profissionais que muitos vezes são contratados para vendas e acabam limpando lojas e descarregando caminhão”, pontuou. Segundo ele, 39,1% dos trabalhadores do comércio baiano trabalham com carteira assinada.

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