Renan Calheiros é o presidente do Senado
GABRIELA GUERREIRO/ANDREZA MATAIS/ERICH
DECAT/Folha
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República por três crimes, Renan
Calheiros (PMDB-AL) é o novo presidente do Senado. Foi eleito na manhã desta
sexta-feira (1º) em votação secreta por seus pares, com 56 votos. O outro candidato foi o senador Pedro Taques (PDT-MT), que recebeu 18 votos. Dois senadores votaram em branco e outros dois, nulo.
Taques havia recebido apoio público de bancadas de oposição como a do PSDB e a do DEM, e da governista do PSB. Mas as promessas de manutenção de cargos na Mesa Diretora falaram mais alto.
Os crimes que o Ministério Público Federal atribui a Renan levaram ele a renunciar à presidência do Senado, cargo que ocupava desde 2005, em 2007.
Eleições no Senado
Com 56 votos, Renan Calheiros venceu Pedro Taques na disputa
pela Presidência do Senado
Como disse Álvaro Dias (PSDB-PR), não havia fatos novos para o "público interno" --governo e Senado.
Em entrevista ontem à Folha, Renan disse estar confortável em assumir a presidência do Senado mesmo sob suspeita, por considerar que a ação da procuradoria era motivada politicamente.
A denúncia do procurador-geral, Roberto Gurgel, ocorreu na semana passada, e hoje cedo a revista "Época" divulgou o teor da acusação: falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato.
O senador é acusado de pagar despesas pessoais com dinheiro de Cláudio Gontijo, que trabalha para a empreiteira Mendes Júnior.
Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com a venda de gado. O senador pagava uma pensão mensal à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.
A denúncia também aponta o peculato decorrente do desvio da verba indenizatória do Senado. Renan, diz a procuradoria, desviou recursos da Casa para uma locadora de carros que pertence a um laranja do senador.
SILÊNCIO
Em seu discurso antes da votação, Taques disse que a eleição de Renan acontece em meio ao "silêncio dos covardes". A declaração foi dada ao final de sua fala, quando houve um momento de breve silêncio.
"Eu peço o voto de cada senador. Peço silêncio aos senhores. Ouçam esse silêncio. Esse silêncio é o silêncio do covarde. É o silêncio de quem tem medo. Sintam esse silêncio. Esse é o silêncio de quem aceita, de quem não resiste. Expresso a vossa excelência, senador Renan Calheiros, meus respeitos pessoais", afirmou o senador.
Já Renan, em seu discurso como candidato, deu um recado aos chamados "independentes" ao dizer que a ética é uma "obrigação de todos nós".
"A ética não é objetivo em si mesmo. O objetivo em si mesmo é o Brasil, o interesse nacional. A ética é meio, não é fim. É obrigação de todos nós, responsabilidade de todos nós e dever desse Senado Federal", afirmou. Em sua fala, Renan evitou comentar a denúncia da procuradoria.


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